Uma mulher que vende o marido
Este é o título de uma notícia que me cai debaixo dos olhos. Uma senhora americana, milionária de Boston, Miss Agner Bedell Cuinay, propôs à Miss Mary Chondler, também milionária, passar-lhe o trambolho, que dá pelo nome de Frederick, e não tem vintém.
Quanto a preço? Mil dólares, apenas. Barato. Na nossa moeda quatro contos de réis. Um marido sem cheta por quatro contos é um pau por um olho. Há quem dê muito mais do que isso para... ver-se livro do trambolho que tem. Diz o jornal que a oferta foi aceita, porque Miss Chondler tinha um certo “facataz” pelo Frederick. Pela vice-versa da reciprocidade (e esta!) o Frederick – não obstante casado com Miss Agner Cuinay, ou talvez por isso mesmo – andava assim, “pelo beicinho”, roxo de paixão solapante, “doente” pela Miss Chondler. Resultado: essa “roxura” toda deu em resultado a Sra. Cuinay catrapiscar dos movimentos que eles faziam nos derretimentos do “flirt” e requerer o divórcio.
Muito bem. Não resta dúvida que Miss Cuinay, mesmo americana, teve sua “dorzinha” de... cotovelo, e ainda durante a ação, só para moer, escreveu à rival a seguinte carta:
“Vejo que tendes necessidade de um marido que cuide das vossas propriedades e que se faça de pai do vosso filho. Estou disposta a ‘vender-vos’ meu marido pela soma de mil dólares, dinheiro à vista. Ele é trabalhador e está cansado de sustentar a família. Nunca conseguimos chegar a um acordo em religião e de amigos. Ele ficara contente de viver convosco e ninar vosso filho. Eu prefiro ficar com o meu gato!”
À parte aquela “dorzinha”, a carta tem muito... – como dizer? – muito... americanismo. Preferia o gato – mas, primeiro, passe para cá os mil dólares, e à vista. “Estava cansado de sustentar a família, nunca chegara a um acordo, nem em religião, nem em amizades...” Muito direito tudo. Mas no fim, no sumo, no âmago, o que se vê? Aquela “dorzinha” da preferência de outra, o velho La Fontaine, a raposa, as uvas... O marido estava verde, não prestava, antes o gato – porque gostava doutra.
Ai! como este mundo é parecido, em todos os tempos, em todos os divórcios, mesmo entre as milionárias excêntricas!...
Gazeta de Notícias, 17 de novembro de 1916.
Este é o título de uma notícia que me cai debaixo dos olhos. Uma senhora americana, milionária de Boston, Miss Agner Bedell Cuinay, propôs à Miss Mary Chondler, também milionária, passar-lhe o trambolho, que dá pelo nome de Frederick, e não tem vintém.
Quanto a preço? Mil dólares, apenas. Barato. Na nossa moeda quatro contos de réis. Um marido sem cheta por quatro contos é um pau por um olho. Há quem dê muito mais do que isso para... ver-se livro do trambolho que tem. Diz o jornal que a oferta foi aceita, porque Miss Chondler tinha um certo “facataz” pelo Frederick. Pela vice-versa da reciprocidade (e esta!) o Frederick – não obstante casado com Miss Agner Cuinay, ou talvez por isso mesmo – andava assim, “pelo beicinho”, roxo de paixão solapante, “doente” pela Miss Chondler. Resultado: essa “roxura” toda deu em resultado a Sra. Cuinay catrapiscar dos movimentos que eles faziam nos derretimentos do “flirt” e requerer o divórcio.
Muito bem. Não resta dúvida que Miss Cuinay, mesmo americana, teve sua “dorzinha” de... cotovelo, e ainda durante a ação, só para moer, escreveu à rival a seguinte carta:
“Vejo que tendes necessidade de um marido que cuide das vossas propriedades e que se faça de pai do vosso filho. Estou disposta a ‘vender-vos’ meu marido pela soma de mil dólares, dinheiro à vista. Ele é trabalhador e está cansado de sustentar a família. Nunca conseguimos chegar a um acordo em religião e de amigos. Ele ficara contente de viver convosco e ninar vosso filho. Eu prefiro ficar com o meu gato!”
À parte aquela “dorzinha”, a carta tem muito... – como dizer? – muito... americanismo. Preferia o gato – mas, primeiro, passe para cá os mil dólares, e à vista. “Estava cansado de sustentar a família, nunca chegara a um acordo, nem em religião, nem em amizades...” Muito direito tudo. Mas no fim, no sumo, no âmago, o que se vê? Aquela “dorzinha” da preferência de outra, o velho La Fontaine, a raposa, as uvas... O marido estava verde, não prestava, antes o gato – porque gostava doutra.
Ai! como este mundo é parecido, em todos os tempos, em todos os divórcios, mesmo entre as milionárias excêntricas!...
Gazeta de Notícias, 17 de novembro de 1916.
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