Um primo que tenho, empregado público em certo estado, escreveu-me participando que viria brevemente passar uma semana em minha casa. Ao ler esta ameaça senti um frio nos intestinos, porque sempre tive horror pelos parentes que fazem visita de uma semana em tempo de carne fresca a 700 réis. Respondi-lhe dizendo que a casa estava às ordens, que teria muito prazer em hospedá-lo, mas que talvez fosse prudente adiar a viagem, porque a maldita febre amarela, em pleno mês de agosto, estava grassando no meu quarteirão. Mas este plano de defesa não serviu, porquanto o diabo do primo mandou-me dizer que é refratário ao micróbio xantogênico e até já residiu por muito tempo junto de um hospital amarelo.
Vendo os meus bifes em xeque-mate, cocei a cabeça, cofiei os bigodes, apertei os beiços, franzi os sobrolhos e retorqui ponderando-lhe que sentiria o maior prazer, etc., etc., mas que ele já estava desaclimatado, que a febre amarela andava maluca, não distinguia mais os nacionais dos estrangeiros, e que ultimamente tinha tomado um caráter pernicioso fulminante, de fogo viste linguiça, ai, ai, Caju! Citei-lhe até o caso do primo de um amigo, que tendo desembarcado na estação central sem febre alguma, ao chegar ao mangue ardia em 40 graus, em frente da Quinta vomitava preto, no campo de S. Cristóvão fazia testamento, e na praia do Caju entrava com o seu próprio pé para o cemitério.
Nada!
O terrível primo replicou-me em ar de troça que não tinha medo e o esperasse no domingo sem falta.
Como último cartucho de defesa da praça sitiada, escrevi-lhe repetindo que seria recebido de braços abertos, etc., etc., mas que não contasse ser tratado como merecia, porque os víveres estavam caríssimos, a carne seca subira à altura de peru, e o peru à altura de um sonho.
Como resposta tive este telegrama conciso: Sigo hoje.
E estou com o primo em casa.
Mas que apetite! Corta o coração ver como ele corta a carne de sete tostões! Vou escrever-lhe cartas anônimas, aconselhando-lhe que não seja filante.
Em último recurso, tempero a sopa com poaia.
O Paiz, 15 de agosto de 1891.
Vendo os meus bifes em xeque-mate, cocei a cabeça, cofiei os bigodes, apertei os beiços, franzi os sobrolhos e retorqui ponderando-lhe que sentiria o maior prazer, etc., etc., mas que ele já estava desaclimatado, que a febre amarela andava maluca, não distinguia mais os nacionais dos estrangeiros, e que ultimamente tinha tomado um caráter pernicioso fulminante, de fogo viste linguiça, ai, ai, Caju! Citei-lhe até o caso do primo de um amigo, que tendo desembarcado na estação central sem febre alguma, ao chegar ao mangue ardia em 40 graus, em frente da Quinta vomitava preto, no campo de S. Cristóvão fazia testamento, e na praia do Caju entrava com o seu próprio pé para o cemitério.
Nada!
O terrível primo replicou-me em ar de troça que não tinha medo e o esperasse no domingo sem falta.
Como último cartucho de defesa da praça sitiada, escrevi-lhe repetindo que seria recebido de braços abertos, etc., etc., mas que não contasse ser tratado como merecia, porque os víveres estavam caríssimos, a carne seca subira à altura de peru, e o peru à altura de um sonho.
Como resposta tive este telegrama conciso: Sigo hoje.
E estou com o primo em casa.
Mas que apetite! Corta o coração ver como ele corta a carne de sete tostões! Vou escrever-lhe cartas anônimas, aconselhando-lhe que não seja filante.
Em último recurso, tempero a sopa com poaia.
O Paiz, 15 de agosto de 1891.
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